Um estudo realizado pela ONG Todos pela Educação revelou que 67% dos estudantes brasileiros que cursam o 3.º ano do ensino fundamental não conseguem fazer contas básicas de Matemática e mais da metade (55%) não tem uma leitura adequada para a idade. Para Alexandra Lima, coordenadora pedagógica do Centro de Educação João Paulo II (CEJPII), o índice é preocupante. “É preciso ter mais atenção nessas questões, pois quando a criança tem uma dificuldade que não é resolvida de início, o problema vai se arrastando e piorando durante os anos de estudo. Isso pode comprometer todo o processo de ensino desse aluno”, avalia.
Ainda segundo a pesquisa, aproximadamente 25% das crianças avaliadas não possuem habilidades para identificar informações em um texto. “Isso significa que se o estudante não consegue compreender um texto e identificar quem é o personagem principal de uma história ou qual é o tema que está sendo abordado, ele também terá dificuldades em outras disciplinas. Se avaliarmos, esse é um problema muito comum no processo de ensino, pois são inúmeros os jovens que não obtém bons resultados em disciplinas como História, Geografia, Ciências e até Matemática, decorrentes de uma defasagem na interpretação de texto correta”, analisa Alexandra. Para ela, as escolas devem diversificar estratégias que diminuam esses números, para que o problema não seja levado até a vida adulta.
De acordo com a coordenadora, é possível reverter a situação, mas é preciso que a escola esteja alinhada com os educadores e também que sejam feitos investimentos e modificações que beneficiem a comunidade escolar. “Às vezes, não é preciso mudar totalmente o processo de ensino para garantir melhorias. Aqui no Centro, por exemplo, disponibilizamos para os estudantes aulas de reforço escolar em Matemática e em Língua Portuguesa. Nas aulas, após passarem por uma sondagem que detecta a dificuldade de cada um, recebem apoio individual”, afirma.
E continua: “Isso tem ajudado os alunos a sanarem cada vez mais as dificuldades que são comprovadas nos índices do Ideb. Fica mais que comprovado que o problema da educação brasileira, está na base, nas séries inicias, e que ao invés do governo ter tantos gastos com avaliações, deveriam investir mais em capacitações e melhores salários para os profissionais”, finaliza.
O Projeto
O Centro de Educação João Paulo II atende 260 alunos carentes de 3 a 13 anos, com ensino integral das 7h50 às 16h50 na educação infantil (3 a 6 anos) e programa de contraturno de 4 horas diárias para estudantes da rede pública. Os alunos têm uma jornada escolar diária de mais de oito horas, a mesma dos países desenvolvidos e duas vezes maior do que a jornada comum nas escolas brasileiras. Os estudantes são selecionados pelo critério da renda familiar, ou seja, quanto menor a renda, maior a prioridade para a matrícula.