A proporção é considerada alta: de cada 100 alunos matriculados no ensino fundamental, pelo menos 30 estão atrasados em relação à série frequentada. No ensino médio o índice também é parecido: cerca de 34% dos estudantes estão defasados. Os dados foram coletados em 2010 pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) e mostram que a taxa de distorção idade-série ainda é preocupante. O principal motivo para essa defasagem é o início da criança na educação infantil.
Segundo Alexandra Lima, coordenadora pedagógica do Centro de Educação João Paulo II (CEJPII), o que acontece é que muitas crianças na faixa etária entre 4 e 5 anos estão matriculadas em etapas inadequadas para idade. “Muitos pais preferem prolongar ao máximo o período de ingresso dos alunos na educação infantil. O resultado é que, além de a criança já entrar atrasada, ela pode ter ainda mais dificuldade no aprendizado do que aquelas que ingressaram na idade correta”, avalia.
Para a coordenadora, o problema só será amenizado se existir um trabalho intenso de conscientização dos pais para que, assim, fiquem atentos ao período correto de matrícula. “Até mesmo nas escolas é comum verificar que, às vezes, existem divergências quanto ao início da criança no ensino infantil. Por isso é necessário que tenha um esclarecimento efetivo por parte do poder público”, comenta.
O Projeto
O Centro de Educação João Paulo II atende 260 alunos carentes de 3 a 13 anos, com ensino integral das 7h50 às 16h50 na educação infantil (3 a 6 anos) e programa de contraturno de 4 horas diárias para estudantes da rede pública. Os alunos têm uma jornada escolar diária de mais de oito horas, a mesma dos países desenvolvidos e duas vezes maior do que a jornada comum nas escolas brasileiras. Os estudantes são selecionados pelo critério da renda familiar, ou seja, quanto menor a renda, maior a prioridade para a matrícula.